Boa noite,
Hoje vamos estudar um pouco a respeito de próclise, ênclise e mesóclise em um texto retirado do Wikipédia sobre Colocação pronominal.
Todas
as conjugações verbais permitem próclise e, com exceção do
particípio e dos tempos futuro
[fará,
dirá, verá] e futuro
do pretérito [faria,
diria, veria], permitem também ênclise. Somente os tempos futuro
e
futuro
do pretérito permitem
mesóclise.
Formas
Verbais e Posições Clíticas Permitidas
Particípio
|
Futuro
|
Fut. do
Pretérito
|
Demais
Formas
|
|
---|---|---|---|---|
Próclise
|
permite
|
permite
|
permite
|
permite
|
Ênclise
|
não
permite
|
não
permite
|
não
permite
|
permite
|
Mesóclise
|
não
permite
|
permite
|
permite
|
não
permite
|
O
português falado no Brasil e em Portugal é diferente quanto às
preferências por posições clíticas quando se trata de ocasiões
informais pois, na linguagem coloquial opta-se mais frequentemente por
próclise independente da posição do grupo/sintagma/locução
verbal (pronome e verbo) na oração. Em ocasiões formais, como na
redação de documentos oficiais, o uso da próclise observa as
mesmas regras gramaticais do português de Portugal. Em Portugal,
dependendo da posição do grupo verbal na oração, opta-se ou não
pela próclise.
- Português falado no Brasil - Ocasiões informais
- Me diz quem tem razão.
- Te vi na rua.
- Português falado em Portugal - E português do Brasil para ocasiões formais
- Diz-me quem tem razão.
- Vi-te na rua.
As
gramáticas normativas condenam o uso brasileiro de próclise e esse
uso é ensinado no colégio como sendo proibido na escrita. Portanto,
exceto quando a escrita simula a fala (mensagens instantâneas e de
celular, por exemplo), as posições clíticas da escrita no Brasil
são as mesmas do português falado em Portugal.
- Português Falado no Brasil
- sempre se usa próclise
- Português Falado em Portugal e Português Escrito
- nunca se usa próclise no início do período
- nunca se usa próclise após pausa/vírgula
- usa-se sempre próclise após atratores
- Lista de Atratores
- Advérbio
- Conjunção
- Palavra negativa
- Pronome indefinido
- Pronome interrogativo
- Pronome relativo
Próclise
Em
gramática,
denomina-se próclise
a
colocação dos pronomes
oblíquos átonos antes
do verbo.
Proibição
- Não deve ser usada no início de oração ou período. Apesar disso, o uso da próclise é generalizado no Brasil, de modo que na fala popular e, com menos frequência, na fala culta são comuns o uso inclusive no início de oração.
- Ex.: *
Sefaz justiça com as próprias mãos naquele lugar. - Correção: Fá-se justiça com as próprias mãos naquele lugar.
- Note que uma oração pode iniciar-se a meio de uma frase, por exemplo, depois de uma vírgula.
- Ex.: *Naquele lugar,
sefaz justiça com as próprias mãos. - Correção: Naquele lugar, fá-se justiça com as próprias mãos.
- Nos infinitivos há uma tendência à ênclise, mas também é possível a próclise. A ênclise só é mesmo rigor quando o pronome tem a forma o (principalmente no feminino a) e o infinitivo vem regido da preposição a.
- Ex.: Se soubesse, não continuaria a lê-lo.
Existem
determinadas palavras da língua que são consideradas "atratores"
dos pronomes pessoais oblíquos átonos pois, nos enunciados em que
elas ocorrem, esses pronomes devem ficar em posição proclítica com
relação ao verbo que complementam.
Uso
A
próclise é obrigatória quando há antes do verbo:
- palavra negativa
- Ex.: Não se deve jogar lixo no rio.
- pronome relativo
- Ex.: Quanto se pode pegar?
- pronome indefinido
- Ex.: Alguém me perguntou as horas.
- pronome interrogativo ou advérbio interrogativo
- Ex.: Quem me busca a esta hora tardia?
- Por que te assustas cada vez?
- Como a julgariam os pais se conhecessem sua vida?
- conjunção subordinativa, mesmo que oculta na oração subordinada
- Ex.: Quero que te cuides.
- Que desejas te mande do Rio? (conjunção oculta)
- advérbio
- Ex.: Ela descuidadamente se machucou.
- orações iniciadas por palavras exclamativas, bem como nas orações que exprimem desejo (optativas)
- Ex.: Que o vento te leve meus recados de saudade.
- Que Deus o abençoe!
- Bons olhos o vejam!
Se
o verbo estiver no infinitivo impessoal e ocorrer uma dessas palavras
antes do verbo, o uso da próclise ou da ênclise será facultativo.
Caso facultativo
Após
pronomes
pessoais do caso reto não
é obrigatória a próclise ou até mesmo depois de sujeito explícito.
Ênclise
Em
gramática,
denomina-se ênclise
a
colocação dos pronomes
oblíquos
átonos depois do verbo.
É
usada principalmente nos casos:
- Quando o verbo inicia a oração (a não ser sob licença poética, não se devem iniciar orações com pronomes oblíquos);
- Quando o verbo está no imperativo afirmativo;
- Quando o verbo está no infinitivo impessoal;
- Quando o verbo está no gerúndio (sem a preposição em)
Não
deve ser usada quando o verbo está no futuro
do presente ou
no futuro
do pretérito.
Neste caso utiliza‐se a mesóclise.
Os
pronomes oblíquos
átonos o,
a,
os,
as
assumem
as formas lo,
la,
los,
las
quando
estão ligados a verbos terminados em r,
s
ou
z.
Nesse caso, o verbo perde sua última letra e a nova forma deverá
ser re-acentuada de acordo com as regras de acentuação
da
língua. Por exemplo:
- "tirar-a" torna-se "tirá-la";
- "faz-os" torna-se "fá-los";
- "comes-o" torna-se "come-lo" (não há mudança de acentuação);
- "Vou comer-o" torna-se "vou comê-lo".
No
caso de verbos terminados em m, õe ou ão, ou
seja, sons nasais, os pronomes o, a,
os, as assumem as formas no, na, nos,
nas, e o verbo é mantido inalterado. Por exemplo:
- "peguem-os" torna-se "peguem-nos";
- "põe-as" torna-se "põe-nas".
Em
linguagem coloquial, no Brasil, é comum utilizar o pronome reto em
substituição ao pronome oblíquo — por exemplo: "peguem
eles!". Este tipo de construção não é adequada em linguagem
formal.
Mesóclise
Denomina-se
mesóclise
ou
tmese
a
colocação do pronome
oblíquo
átono no
meio do
verbo.
Utiliza-se
quando o verbo está no futuro
do presente ou
no futuro
do pretérito do
indicativo
e
não há, antes do verbo,
palavra que justifique o uso da próclise.
- Ex.: Tê-lo-ia perguntado, se o tivesse visto na ocasião.
A
construção da mesóclise é possível graças à origem do futuro
sintético (formado por apenas uma palavra): o futuro analítico, que
no latim era formado pelo verbo principal no infinitivo e pelo
verbo habere (haver) no presente. Sendo o futuro
analítico uma forma composta, era possível colocar o pronome entre
os dois verbos. Com a evolução da língua, o verbo auxiliar foi
assimilado como desinência do verbo principal, mas manteve-se a
possibilidade de deixar o pronome em posição mesoclítica. Ou seja:
- Ter hei ⇒ terei
- Ter hás ⇒ terás
- Ter há ⇒ terá
- Ter hemos ⇒ teremos
- Ter heis ⇒ tereis
- Ter hão ⇒ terão
Referência
Nenhum comentário:
Postar um comentário